sábado, 12 de novembro de 2011

Anatomia de verdade?! Burne Hogarth!

Burne Hogarth - 25/12/1911 > 28/01/1996
Burne Hogarth (25 de dezembro de 1911 - 28 de janeiro de 1996) foi um educador, autor literário e ilustrador dos Estados Unidos da América.
Por muitas décadas ele foi um influente mestre e artista visual, melhor conhecido internacionalmente pelo seu pioneiro trabalho nos jornais, nas tiras de Tarzan, e pela sua bem conceituada coleção de livros sobre desenho anatômico.

Burne Hogarth nasceu em Chicago e desde cedo demonstrou seu talento para o desenho. Seu pai carpinteiro incentivou esse dom e o levou para a Escola de Artes de Chicago. Aos 12 anos de idade, Hogarth foi aceito e começou um longo período como estudante em várias instituições de ensino tais como o Crane College, a Universidade do Noroeste (Northwestern University) em Chicago e a Universidade Columbia em Nova Iorque, aprofundando seus conhecimentos em artes e ciências.
Hogarth teve que começar a trabalhar aos 15 anos, depois da morte prematura do pai. Graças aos contatos do Art Center e também do Fine Arts Academy, ele conseguiu um contrato para trabalhar em publicidade. Com seus painéis de propaganda distribuídos aos jornais, Hogarth ficou conhecido no meio e assumiria como desenhista a tira diária Ivy Hemmanhaw (1933), que obteve alguma repercussão.
Com a Depressão, Hogarth se mudou para Nova Iorque, onde continou com seu trabalho de ilustração para os jornais, bem como de editor de cartuns. Desenhou a tira de piratas de Charles Driscoll chamada Pieces of Eight (1935). Em 1936 veio o momento decisivo da carreira de Hogarth como artista de quadrinhos. Ele sucedeu Hal Foster que trabalhara na tira desde 1929 e ilustrou Tarzan, na qual fundiu influências artísticas do classicismoexpressionismo e narrativa dentro de uma nova dinâmica de arte sequencial. Ele desenhou Tarzan para as páginas dominicais por 12 anos, de 1937 a 1945, e de 1947 até 1950. Seu trabalho foi republicado, mais recentemente pela NBM Publishing.
Além de artista profissional, Hogarth também atuava como professor. Durante anos ele foi instrutor de desenho para um grande número de estudantes, em diversas instituições. A Academia de Artes em Jornais de Manhattan (Manhattan Academy of Newspaper Art) recebeu sua grande contribuição pessoal e em 1947 ele a transformaria na Escola de Ilustradores e Cartunistas (Cartoonists and Illustrators School). A academia continuou a crescer e em 1956 foi novamente renomeada, passando a se denominar Escola de Artes Visuais (SVA, sigla em inglês), considerada como a maior instituição privada de arte do mundo. Hogarth preparou os currículos das matérias, trabalhou como administrador e ministrou cursos sobre desenhos, artes e história das artes.
Hogarth se aposentou da SVA em 1970 mas continuou como professor da Parsons School of Design e, depois de se mudar para Los Angeles, a Otis School e Art Center College of Design em Pasadena. Durante seus anos como professor, Hogarth criou numerosos livros de anatomia e desenho que se tornariam referências para artistas dos mais variados, inclusive animadores por computador. Dynamic Anatomy(1958) e Drawing the Human Head (1965) são conhecidos por estudiosos das formas humanas. Dynamic Figure Drawing (1970) e Drawing Dynamic Hands (1977) completaram o ciclo das figuras. Dynamic Light and Shade (1981) e Dynamic Wrinkles and Drapery (1995) exploraram outros aspectos artísticos das ilustrações.





Após mais de 20 anos de trabalho nas tiras de quadrinhos e de ter sido chamado pelos europeus de "Michelangelo das tiras", Hogarth retornaria para a arte sequencial em 1972 com seu trabalho Tarzan of the Apes, um livro ilustrado em tamanho grande publicado pela Watson Guptill e traduzido para 11 línguas (lançado no Brasil primeiramente pela Ebal). O trabalho foi um marco no gênero, iniciando o desenvolvimento que nos anos seguintes levaria a criação das graphic novel. O trabalho seguinte foi Jungle Tales of Tarzan (1976).
Burne Hogarth foi grandemente reconhecido em seu país, tendo recebido o prêmio da National Cartoonist Society de 1975, da Magazine and Book Illustration de 1992 e o Prêmio Especial de 1974 (Special Features Award), além de várias homenagens internacionais. Ele fez palestras, escreveu, criou e teorizou durante seus últimos anos, participando como convidado de inúmeros eventos. Depois de comparecer àFestival Internacional de Quadrinhos de Angoulême em 1996, Hogarth retornou à Paris onde sofreu um ataque cardíaco, vindo a falecer em 28 de janeiro, aos 84 anos de idade.


Pra quem estiver interessado nos livros que saíram aqui no Brasil, segue abaixo, links para download:

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Norman Rockwell

Norman Rockwell - 1894 > 1978

Norman Rockwell (Nova Iorque3 de fevereiro de 1894 — StockbridgeMassachusetts8 de novembro de 1978) foi um pintor e ilustrador estadunidense.
Rockwell era muito popular nos Estados Unidos, especialmente em razão das 323 capas da revista The Saturday Evening Post que realizou durante mais de quatro décadas, e das ilustrações de cenas da vida estadunidense nas pequenas cidades.
Pintou os retratos dos presidentes EisenhowerJohn KennedyLyndon Johnson e Richard Nixon, assim como o de outras importantes figuras mundiais, tais como Gamal Abdel Nasser e Jawaharlal Nehru. Um de seus últimos trabalhos foi o retrato da cantora Judy Garland, em 1969.
foto original a esq. e pintura de Rockwell a dir. (clique na imagem para ampliar)

Estilo

Seus desenhos e pinturas são famosos pela meticulosidade e exatidão de traços e cores, capacidade desenvolvida devido a uma timidez na fase de adolescência devido aos pés tortos que tinha, passou a ser observador dos colegas de escola, gostando assim de desenhá-los, pois segundo ele "cada um tem seu talento e o meu é desenhar".
A meticulosidade na produção dos trabalhos de Rockwell também é muito famosa, sempre fazia todos os desenhos separados em partes, esboço da ideia, vestuário e logo depois tudo junto. Em 1937 passou a fotografar e fazer seus desenhos a partir das fotografias obtidas, fazendo desenhos em preto e branco para depois estudar as possibilidades de cores e texturas. Ele gostava de dar atenção especial às expressões faciais, capturando as expressões de uma maneira exata e caricaturada, principalmente o que concerne às expressões infantis pelos primeiros trinta anos de sua carreira.


Retrato de Richard Nixon - Óleo sobre tela de Norman Rockwell




















E com o passar do tempo é possível notar o desenvolvimento de sua obra, no inicio eram crianças no sentido mais inocente, já quando ele se torna adulto sempre faz uma contraposição, como um adulto olhando para seu passado ou o contraste da infância, juventude com a fase adulta. Todos os setores da vida norte-americana foram retratados por Rockwell, desde os valores sociais como seus preconceitos. Na área histórica americana ele retratou a Primeira Guerra de forma mais amena, mas com a maior participação dos EUA na Segunda Guerra Mundial já foi mais forte, com soldados com expressões sérias, sua obra "Four Freedoms" ficou conhecida mundialmente.
Suas obras evoluíram, desde a explosão do cinema até a corrida espacial, Rockwell não deixa que nada escapasse às suas mãos, até mesmo o incêndio em seu estúdio, onde ele perdeu inúmeros trabalhos, serviu de tema para alguns esboços que continham um lado cômico.

Morte

Quando morreu, no dia 8 de novembro de 1978, aos 84 anos, em consequência de um enfisema, milhares de pessoas compareceram, muitas delas que tiveram seus rostos imortalizados por sua maestria no desenho e na pintura.
clique nas imagens para ampliar


Principais obras

  • Scout at Ship's Wheel (1913)
  • Santa and Scouts in Snow (1913)
  • Boy and Baby Carriage (1916)
  • Circus Barker and Strongman (1916)
  • Gramps at the Plate (1916)
  • Redhead Loves Hatty Perkins (1916)
  • People in a Theatre Balcony (1916)
  • Cousin Reginald Goes to the Country (1917)
  • Santa and Expense Book (1920)
  • Mother Tucking Children into Bed (1921)
  • No Swimming (1921)
  • The Four Freedoms (1943)
  • Freedom of Speech (1943)
  • Freedom to Worship (1943)





terça-feira, 12 de julho de 2011

X-Men | A criação dos mutantes nos quadrinhos


Stan Lee & Jack Kirby, Roy Thomas & Neal Adams e Chris Claremont & John Byrne e o legado das primeiras décadas dos Filhos do Átomo nas HQs.



Os X-Men surgiram originalmente em 1963, fazendo parte de uma série de novas idéias e títulos propostos pelo editor Stan Lee, da editora Marvel Comics.
Lee, no caso, tal como já havia feito com outras de suas criações, dava continuidade à exploração de um novo modelo de personagens de quadrinhos do gênero super-heróis. Essa então recente proposição super-heroística mesclava ironia e características anti-heróicas, à época pouco comuns aos personagens das revistas de histórias em quadrinhos, trazendo heróis que conviviam com problemas ou dificuldades que também poderiam afetar o leitor comum, como a incompreensão dos semelhantes, dificuldades econômicas, conflitos com autoridades policiais e crises de consciência. A fórmula já havia apresentado ótimos resultados com o monstro verde Hulk(1962) e com o desajustado adolescente Peter Parker, oHomem-Aranha (que também havia começado ficcionalmente a grudar suas teias nos prédios da cidade de Nova York em 1962), entre outros.
Infelizmente, o grupo de adolescentes com poderes mutantes devido à exposição da geração anterior à energia atômica – originalmente composto por Cíclope, Garota Marvel, Anjo, Fera e Homem de Gelo e orientado por um tutor paternal e compreensivo, o Professor Charles Xavier, também ele um mutante -, não conseguiu nem de longe se aproximar do sucesso dos personagens anteriores. Apesar do trabalho artístico sempre admirável do mestre Jack Kirby e da proposta temática interessante, eles não conseguiram passar, em seus primeiros anos de participação na falange Marvel, de heróis de terceira ou, no máximo, segunda categoria. Colocação injusta, sim. Mas, à época, real e provavelmente justificada. Afinal, tratava-se apenas de mais um grupo de heróis surgidos na esteira da ameaça nuclear, que combatiam malfeitores de mesma origem (a chamada Irmandade de Mutantes, chefiada pelo vilão Magneto). Nas primeiras aventuras da equipe, nem sequer se cogitava a respeito da dicotomia Martin Luther King e Malcolm X, que posteriormente veio a centralizar, respectivamente, as análises das figuras dos líderes dos X-Men e da Irmandade.
Pouca influência tiveram nesse panorama desfavorável as primeiras mudanças de equipe de produção que ocorreram no título dos heróis mutantes, ainda que dela fizessem parte um bom roteirista (Roy Thomas) e um ótimo desenhista (Neal Adams). A partir do número 67, as histórias inéditas deixaram de ser produzidas, e reprises começaram a preencher as páginas da revista, uma situação que durou até o número 93. A partir do número 94 um novo roteirista, Chris Claremont, assumiu as histórias dos Filhos do Átomo.

Os Novos X-Men

A chegada de Claremont foi antecedida por uma edição especial com os jovens heróis, Giant Size X-Men 1, com capa datada de maio de 1975. Na edição, após a equipe original desaparecer em uma ilha do Pacífico, seu mentor toma a decisão de convocar uma equipe de resgate, denominada de Novos X-Men, para procurá-los.
Essa equipe era bem mais variada e multi (ou pluri) nacional do que a anterior. Dela faziam parte um teleportador alemão de cor azul (Noturno), uma africana com domínio do clima (Tempestade), um camponês russo que transformava seu corpo em aço (Colossus), um nativo norte-americano com força e resistência extraordinárias (Pássaro Trovejante), um canadense que fazia lâminas de aço brotar das juntas de sua mão (Wolverine), um irlandês com capacidade de dar gritos supersônicos (Banshee) e um japonês que disparava labaredas e produzia calor (Solaris). Os responsáveis por essa história emblemática, verdadeiro marco da saga dos hoje quase cinquentões X-Men foram o roteirista Len Wein e o desenhistaDave Cockrum.
Com o número especial, montou-se o palco no qual, nos anos seguintes, brilharia a estrela de Chris Claremont, que se tornou o escritor oficial da série a partir de então e pode ser diretamente responsabilizado por seu sucesso posterior. A revista dos novos X-Men rapidamente se tornou a campeã de vendas e de aclamação da crítica da Casa das Ideias. E essa popularidade apenas aumentou quando outra figura emblemática da indústria de revistas em quadrinhos, o britânicoJohn Byrne, assumiu a parte gráfica das histórias. Escritor e desenhista se completaram de uma forma verdadeiramente harmoniosa.
Os dois artistas iriam revigorar o título e levá-lo a alturas que poucos haviam atingido, permanecendo à frente dele – juntamente com o arte-finalista Terry Austin – até finais dos anos 1980. Ampliaram-se os conflitos entre os diversos personagens, que passaram a ter grande papel nos enredos e aventuras, como o que envolveu o líder da equipe Cíclope e o sempre insatisfeito Wolverine. O estilo de liderança do primeiro colide diretamente com o espírito de discordância do segundo. Aos poucos, os artistas introduzem nas histórias a noção de que o grupo é mais do que a soma de suas partes. Segundo Richard Reynolds em seu livro Super Heroes: a modern mythology (London: Batsford, c1992), “Byrne e Claremont também introduziram noções Cabalísticas sobre a mística Árvore da Vida no roteiro, para reavivar o tema Gestalt do grupo mutante – que pode em si mesmo ser ligado ao romance de Theodore Sturgeon, More than Human. Esse livro, originalmente publicado em 1953, trata de um grupo de seis pessoas com poderes extraordinários que é capaz de mesclar suas habilidades, conseguindo agir como um único organismo.
Da colaboração dos dois autores surgiram durante os anos 1970 e 1980, algumas das sagas mais aclamadas vividas pelo grupo de heróis. Na de Proteus, enfrentam um mutante assassino. Na da Fênix Negra, assistem à Jean Grey, a Garota Marvel, transformar-se em uma poderosa entidade depois se sacrificar para salvar o mundo. Em "Dias de um futuro Esquecido" defrontam-se pela primeira vez com o conceito de realidades alternativas. E na história "Deus Ama, o Homem Mata", enfrentam pela primeira vez a realidade do preconceito dos humanos em relação aos mutantes.
A dupla Claremont/Byrne eventualmente se desfez e cada um seguindo o seu caminho. O término da parceria, no entanto, felizmente não conseguiu ter reflexo muito negativo nas histórias dos X-Men, que permaneceram ainda sob a batuta de Claremont durante algum tempo, enquanto Byrne se transferia para outro título. Ambos haviam plantado em solo fértil as sementes da popularidade do grupo de mutantes, que permaneceram inalteradas nas décadas seguintes, passando a fazer parte de suas características distintivas. Inclusive, várias das premissas que eles desenvolveram em suas narrativas foram incorporadas à própria mitologia dos heróis e posteriormente aproveitadas nas diversas produções cinematográficas sobre eles.
De fato, o primeiro filme dos X-Men trouxe novo vigor às películas centrados nos super-heróis, demonstrando cabalmente que era possível reproduzir nas grandes telas, graças ao avanço tecnológico, as características desses personagens, sem necessariamente levá-los ao ridículo. Nesse sentido, foram um marco tanto para o cinema como para o gênero de quadrinhos ao qual esses personagens pertencem. Em produções bem elaboradas, sob direções seguras, todas as realizações centradas nos Filhos do Átomo possibilitaram a ampliação de sua popularidade, a ampliação de seu público leitor e a manutenção de seu título nas bancas, num círculo virtuoso que, felizmente, ainda não parece próximo de seu encerramento. Tudo indica, inclusive, que a próxima produção desses personagens a atingir as grandes telas continuará nessa mesma linha.